quarta-feira, 13 de abril de 2016

Observação de Aves - Saiba mais!

A observação de aves ou birdwating é uma prática que envolve milhões de pessoas em todo o mundo. Nenhum outro grupo animal silvestre exerce maior atração sobre as pessoas, para a sua simples contemplação.

A observação de aves é uma importante atividade de conexão entre ciências biológicas, turismo e educação ambiental. É uma alternativa de lazer o qual vem sendo gradualmente divulgada no Brasil. A atividade traz estímulo intelectual e espiritual, envolvendo caminhadas ao ar livre, com maior ou menor grau de dificuldade e contato com a natureza. Ou seja, reúne ingredientes que reconhecidamente são fundamentais para melhorar a qualidade de vida das pessoas e desenvolver o turismo local.

A observação de aves é um segmento da atividade turística, que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva a sua conservação e busca a consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas. É uma excelente atividade que influi positivamente no estado físico e emocional das pessoas. É a conexão direta com o meio natural, praticando exercício e estimulando o conhecimento.



No Brasil essa atividade vem ganhando força nos últimos anos devido a sua grande diversidade de espécies.  É uma atividade bastante difundida na Europa e América do Norte, o qual tem gerado mais de 30 bilhões anuais na economia só nos Estados Unidos.  A prática de observação da fauna é considerada a prática mais sustentável dentre todas as que são identificadas como ecoturismo, e, destas, a observação de aves constitui a mais difundida e a mais amplamente praticada em todo mundo, principalmente, nos países mais desenvolvidos. 

Todo lugar é interessante de se ver aves, mas certamente as unidades de conservação são os preferenciais, por serem, em geral áreas naturais preservadas. A Mata Atlântica, por exemplo, é conhecida mundialmente por sua grande biodiversidade.

Vale ressaltar que a prática de observação de aves não se limita apenas às pessoas formadas nas áreas de biologia, meio ambiente ou turismo. Qualquer pessoa é capacitada para a prática contanto que se posicione de forma satisfatória de seus atos e conduta perante a natureza.



segunda-feira, 11 de abril de 2016

Conduta Ética do Observador

Deve-se considerar, como premissa básica da observação, que nenhuma ave deverá ser incomodada. A aproximação diante de ninhos e aves em processos reprodutivos deverão ser evitados. A observação responsável pretende fazer com que o observador leve uma imagem satisfatória da atividade. Levando-se em consideração a preservação e o bom estado ambiental. O observador como um ecoturista nato deverá evitar qualquer tipo de dano ao local utilizado para a prática.

O andar deve ser silencioso, pois gestos rápidos e bruscos assustam as aves. No interior de mata, o andar deve ser mais cauteloso, devido às folhas secas e galhos no solo. Quanto mais lentos forem os movimentos, maior a oportunidade de se aproximar das aves. Ansiedade é um defeito que não compactua com a observação de aves. O ansioso quer ver a espécie o mais rápido possível, perde a paciência, faz barulho até resolver ir embora. É certo afirmar que a própria prática, com o tempo, serve de terapia para extirpar a ansiedade. As primeiras vezes podem ser frustrantes, devido à inquietação das aves, principalmente as de ambientes mais florestais. À medida que o observador vai aumentando suas saídas para campo os sentidos vão aumentando proporcionalmente.

Por questão de segurança, sempre é bom fazer os passeios de observação acompanhado por uma ou algumas pessoas. A limitação de pessoas facilita também no bom andamento da observação, pois, menos pessoas menos chances de afugentar as aves.

A tolerância das aves com a presença humana vai depender da espécie ou da época do ano. Portanto, o observador deverá ter cautela para não alterar o comportamento das aves como evitar falar demais e elevar o timbre da voz. Somente se faz necessário a comunicação com assuntos relacionados sobre a observação.

As Leis são excelentes suportes que dão respaldo as atividades de observação. Conhecer as Leis de Conservação e Proteção são requisitos básicos para o observador que almeja colecionar avistagens.

Portanto, o observador, como ecoturista possui a credencial de que essas Leis não sejam esquecidas.

 - Lei da Área de Proteção Ambiental – número 6.902 de 27/04/1981.

- Lei de Crimes Ambientais – número 9.605 de 12/02/1998.

- Lei das Florestas – número 4.771 de 15/09/1965.

- Lei da criação do IBAMA – número 7.735 de 22/02/1989.

- Lei Patrimônio Cultural – decreto-lei número 25 de 30/11/1937.

- Lei da Ação Civil Pública – número 7.347 de 24/07/1985.


sábado, 9 de abril de 2016

Quando observar Aves

Basicamente, podemos avistar aves a qualquer hora do dia, em qualquer época do ano.  Alguns horários são melhores para a observação, pelo fato de que as aves estão mais ativas, como ocorre logo nas primeiras horas da manhã e nas últimas horas do dia (entre 06:00 às 10:00 e no final da tarde, das 15:00 às 18:00 horas). No entanto, muitas espécies estão ativas durante todo o dia e há, naturalmente, as espécies noturnas.

Também há épocas do ano melhores para as observações, que são os períodos reprodutivos que se iniciam no final do inverno boreal, início da primavera estendendo ao longo do verão, o mesmo dizer período chuvoso.

                                


                                              sabiá-do-banhado (Embernagra platensis)


sábado, 26 de março de 2016

Ilustração Científica

A ilustração científica através de desenhos e ilustrações representa um ramo da biologia que explora, de forma minuciosa, os ambientes naturais e os espécimes da flora e da fauna. A sua característica principal é a fidelidade e exatidão dos traços em suas cores, formas e textura, o que garante o reconhecimento e identificação a serviço das ciências.

As ilustrações são muito utilizadas, normalmente, em teses e artigos voltados para a área ambiental. Podem ser muito comuns em livros guias ou didáticos de espécies, tanto na botânica quanto na fauna, onde o autor opta pela ilustração ao invés de utilizar fotos.


                                         
                                            Ilustração: Fernando Capela
                                            papa-taoca-do-sul (Pyriglena leucoptera)
                                            Técnica: Lápis de cor aquarelável

Existem várias técnicas e materiais a serem utilizados os quais necessitam de um rigor técnico, detalhamento profundo e conhecimento científico do objeto a ser desenhado. Geralmente esses ilustradores são biólogos, artistas plásticos ou grandes apreciadores da natureza, o que facilita o conhecimento das estruturas do objeto, de cada parte do corpo animal ou vegetal. Para essas pessoas, capacitadas para tal tipo de ilustração e/ou desenho, sua forma de observação é diferenciada.

É uma atividade carregada de emoção e sensibilidade, já que esses aspectos são visivelmente observados nas obras. Além disso, ganha muitas vezes um caráter artístico e estético, sem interferir, é claro, no seu fundamento científico.



                             
                                 Ilustração Fernando Capela, reprodução foto de Edson Endrigo.
                                 suruacuá-de-barriga-amarela (Trogon rufus)
                                 Técnica: lápis de cor aquarelável e giz pastel seco

A ilustração científica foi muito difundida aqui no Brasil por naturalistas europeus nos séculos XVII, XVIII e XIV. Para retratar seus trabalhos e compilar informações esses utilizaram de várias técnicas de ilustração, das mais diversas pinturas, feitas principalmente a óleo. Muitas dessas obras podem ser registradas no instituto Itaú Cultural localizado na Avenida Paulista, São Paulo - SP.


quinta-feira, 10 de março de 2016

Pedralva no Terra da Gente

Em 2009, a Cemig, Companhia Energética de Minas Gerais S.A. decidiu implantar uma linha de transmissão passando pela Serra do Barreiro, cruzando a Serra da Pedra Branca. O Barreiro é uma serra paralela à Serra da Pedra Branca constituída de um grande fragmento de mata atlântica no município detentora de grande biodiversidade. Na época, com a ONG Grupo Excursionista Pedra Branca, decidimos criar um laudo técnico da biodiversidade local para barrarmos as pretensões da Cemig.

O que nos chamou a atenção foi o aparecimento do sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), espécie endêmica da região Sudeste em vias de extinção, categoria vulnerável (VU) pela lista de espécies ameaçadas pelo COPAM (Conselho Estadual de Política Ambiental) e pela IUCN red list. É bem verdade, a espécie é muito comum na região, abrangendo poucas cidades, já que a invasão do sagui-de-tufos-pretos (Callithrix penicillata) pode ser a principal causa da ausência desse sagui em grande parte do Sudeste.

Lembro-me que esse sagui nos chamou mais a atenção foi pela sua peculiaridade, um tanto diferente dos outros membros da família o que logo me veio a cabeça entrar em contato com o Terra da Gente, um programa semanal, do grupo EPTV, afiliada da rede Globo.

Mandei um e-mail para o programa um tanto despretensioso, acreditando que não teria um retorno satisfatório. Descrevi o sagui e sua particularidade por aqui. Tempos depois recebo uma resposta do produtor do programa me escrevendo: "me fale sobre o macaco. " Logo após, o Terra da Gente pisava em Pedralva, em setembro de 2015, encabeçado pelo repórter Eduardo Lacerda para ver o sagui e retratar a biodiversidade da região, especialmente a Serra da Pedra Branca.




Pouco se sabe sobre a biologia desse primata. Ainda pouco descrita pela literatura, não sabemos ao certo o grau de interferência de suas populações. O fato é que a espécie perdura na região e pode ser observada em qualquer fragmento de mata. 

  

                                Foto: Devanir Gino

saguí-da-serra-escuro (Callithrix aurita).

Um dado interessante abordado na reportagem foi essa pererequinha de inverno. Pouco descrita pela ciência e provável residente da região de Poços de Caldas - MG, a espécie se limita numa localidade da Serra da Pedra Branca se estabelecendo em uma área de apenas 50 m².

                                        

Scinax sp.

A degradação ambiental, ostensiva pelo homem nas últimas décadas fez com que áreas florestais milenares deixassem de existir. Essas áreas, designadas matas primárias, são consolidadas como raras e altamente biodiversas, especialmente pelo histórico local, ou seja, foram centenas de anos de acúmulo de matéria orgânica, ciclagem de nutrientes e fluxo de energia.

A Serra do Barreiro possui uma pequena área em que é possível detectar uma mata primária. Árvores enormes, com pouca vegetação no solo e abundância de palmito-juçara (Euterpe edulis), espécie ameaçada dependente de áreas úmidas e sombreadas.


                                           


jequitibá (Cariniana sp.).