Quando pensei na prática de observação aves com o intuito
contemplativo, na época, não me atentei a meditação. Até então essa atividade
só me despertava a curiosidade, mal sabia que ao observar as aves, durante
longas caminhadas, munido de máquina fotográfica e binóculo eu já estava
meditando. A meditação surgiu na minha vida durante a formação holística e
gradualmente fui adentrando e conhecendo o universo desta prática milenar. Com
a observação de aves pude perceber o quanto focamos a atenção plena no que
estamos fazendo. Focamos no tempo presente e não deixamos que os pensamentos
interfiram no nosso propósito. A ideia desta prática é justamente registrar as
espécies utilizando dos sentidos básicos, da visão e audição.
Para os mais atentos, a prática não se limita apenas em
registrar, leva-se em consideração também a observação comportamental da
espécie - o que tal ave está se alimentando, seus hábitos reprodutivos,
ecossistema ao qual ela se insere, modo como voa... enfim, tem para todo gosto.
Tais comportamentos nos propõe ao foco, à atenção plena.
Quando saio para observar aves logo vem a sensação de
bem-estar, de leveza. A natureza nos dá o feedback divino, pois nela
encontramos os elementos necessários para a nossa paz interior. Aquela
insatisfação inerente ao ser humano, logo é dissipada quando nos encontramos em
pleno estado de contato com a natureza, seja com o barulho da água, seja na
sensação de sentir o ar puro entrando e saindo, ou mesmo na percepção de
identificar as vozes da mata. A prática da observação prevê o estado pleno de
atenção ao separar as vocalizações das diferentes espécies. O trabalho
meditativo já começa na postura do observador, na sua atenção ao caminhar para
não fazer barulho, na sua preocupação em conhecer e identificar as espécies.
A observação de aves e o seu modo contemplativo nos carrega
para o "agora", nos curas de qualquer ansiedade. As sensações
positivas ao final das caminhadas são bem evidentes - esporte, lazer e muita
troca de conhecimento, a prática nos põe em contato com o nosso "eu"
a medida que as andanças tornam-se cada vez mais prazerosas. A contemplação da
natureza nos dá a sensação e a certeza de que a vida pode ser bem mais simples,
haja vista que o nosso remédio, é bem verdade, está muito perto, bem a nossa
volta. Basta observarmos e usufruirmos desses elementos naturais com muita
vontade. Vontade de entender, compreender as relações naturais e almejar pela
nossa mudança interior.
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